25 de fevereiro de 2016

Fuga

Fuja. Cometa o tão desejado suicídio social,
o drama não tem espaço nesse ninho de humanos
as dores são sempre soterradas por avalanches informativas
e na nossa tão conturbada mente, tudo está um caos.

Fuja. A fuga também pode ser glória e heroísmo,
não tem nada de vergonhoso no cansaço
todos os homens cansam um dia, uma noite,
qualquer batalha não terá jamais sentido.

Fuja. Fuja dos dias de ordem e doutrina, regras
não confortam a alma, não acrescentam tesão ao amor,
regras são só palavras de ordem, imperativos sociais.

Fuja, e ao fugir, procure não se jogar no precipício,
pois o precipício já é o mundo em que vivemos,
fugir e saltar para os braços dele não fará nenhum sentido.

Mate ao seu outro eu, aquele eu mascarado, aquele eu dos outros,
mate-o. Fuja. Seja a poesia dos campos, poesia
do inferno e do céu. Não viva aquele novela, ou a ladainha
que os fieis cantarolam nas catedrais.

Fuja. Fuja. Fuja.
Observe como observa
a coruja
todo problema
todo poema
toda loucura
virando o pescoço
sem movimentos bruscos,
feliz por fugir sem se mexer.

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