Fuja. Cometa o tão desejado suicídio social,
o drama não tem espaço nesse ninho de humanos
as dores são sempre soterradas por avalanches informativas
e na nossa tão conturbada mente, tudo está um caos.
Fuja. A fuga também pode ser glória e heroísmo,
não tem nada de vergonhoso no cansaço
todos os homens cansam um dia, uma noite,
qualquer batalha não terá jamais sentido.
Fuja. Fuja dos dias de ordem e doutrina, regras
não confortam a alma, não acrescentam tesão ao amor,
regras são só palavras de ordem, imperativos sociais.
Fuja, e ao fugir, procure não se jogar no precipício,
pois o precipício já é o mundo em que vivemos,
fugir e saltar para os braços dele não fará nenhum sentido.
Mate ao seu outro eu, aquele eu mascarado, aquele eu dos outros,
mate-o. Fuja. Seja a poesia dos campos, poesia
do inferno e do céu. Não viva aquele novela, ou a ladainha
que os fieis cantarolam nas catedrais.
Fuja. Fuja. Fuja.
Observe como observa
a coruja
todo problema
todo poema
toda loucura
virando o pescoço
sem movimentos bruscos,
feliz por fugir sem se mexer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente. Sempre é conveniente.