12 de fevereiro de 2016

Pássaros suicidas III

Deserto da alma, que a madrugada embriaga com vinho,
e que se deixa levar pelas metáforas e frases de algo qualquer,
alma, pássaro suicida, nessa sina que nada ensina, sozinho
vai o espírito, nada santo, pelos arredores do que vier.

Deserto da alma, e as vezes, deserto também da carne pecaminosa,
pássaros suicidas pousam no meu suave e tenebroso pensamento.
Deserto da alma, a alma cansada, na noite, toda e toda ociosa,
nada quer, nada, apenas sentir na superfície a brisa do vento.

Deserto da alma. Alma, meu pássaro suicida,
desesperado por abrigo, modesto abrigo,
onde a vida possa de fato ser vivida
onde se possa ir, nesse deserto que sigo
as cegas.

Deserto da alma. Pássaros suicidas,
vidas que o dia despreza e a noite consome
em prosas e trovas, escárnio da poesia,
vida, deserto da alma, vida cheia e tão vazia.

Pássaros suicidas
frequentam as palavras
compostas na multidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente. Sempre é conveniente.